O processo analítico não é sobre a resolução de todas a questões que atravessam nossas vidas. É sobre a oportunidade de escutar-se, de se pôr em questão, de olhar com cuidado para aquilo que aparece como rotina e repetição. Trata-se, sobretudo, de um momento de produzir estranhamento sobre aquilo que parece tão comum, atribuindo novos sentidos e novas formas de interpretação para o que acabou se tornando um sintoma. Desse modo, as sessões de análise se tornam um espaço privilegiado para a fala e a escuta implicadas.
Em um mundo marcado por tantos ruídos, por tantos espaços de visibilidade em que estar consigo mesmo, de forma crítica e criativa, parece cada vez mais difícil, a sessão se configura como um momento de suspensão, não no sentido de interromper a vida, mas de dar-se a oportunidade de olhar, para si mesmo, a partir de novas perspectivas. Para que isso aconteça, é preciso tempo, cuidado e atenção.
Não se espera, na análise, respostas e intervenções contínuas, mas uma escuta atenta, capaz de pontuar e produzir este espaço de escuta ativa. Não se almeja ali curas infalíveis ou respostas únicas para questões complexas. Mas do que soluções rápidas que, muitas vezes, se mostram falíveis minutos depois de serem testadas, a análise propõe um percurso contínuo de autoconhecimento, uma vez que é na construção deste percurso que vamos percebendo nossos sintomas, evitando que eles nos controlem e construindo novos sentidos para as nossas vidas, entendendo que, ao invés de uma solução mágica, o que podemos e queremos é uma vida que valha a pena viver, apesar das dores, frustrações e medos.

